O GATO E O RATO

 ***
A senhora Ratazana teve uma ninhada de filhos.
Criou-os com todo o mimo e cuidado, e não se esquecia de lhes dar conselhos e ensina-los, como boa e previdente mãe.

 Temos inimigos terríveis, inimigos que não têm piedade para com a nossa raça! É preciso acautelarem-se, enquanto não conhecerem o mundo, não saiam senão debaixo da minha direcção.

Ora, um dos ratinhos, que já se considerava um valentão, lá porque aprendera a roer um pedaço de madeira, saiu do ninho, às escondidas e foi espairecer até ao jardim.

Gostou muito de ver o Sol, as plantas, as flores, e os passarinhos, atravessando os ares ou saltando de ramo em ramo.
Mas o que mais bonito lhe pareceu foi um gatarrão gordo e luzidio, que estava a dormir da sombra da árvore. Esteve a contemplá-lo com admiração e, por fim, sentindo ruído de passos, assustou-se e voltou a correr para o seu buraquinho, enquanto o gato abria os olhos e o fitava com má catadura.

Voltando ao ninho, o ratito curioso contou à mãe o que vira e perguntou-lhe que animal seria aquele, de lindo pêlo macio e brilhante, que estava no jardim, estendido à sombra de uma árvore.

A mãe, para poder responder, seguiu-o até ao jardim, mas quando deu com os olhos no gatarrão, que ressonava, satisfeito, deitou os dentes ao cachaço do pequenino e, a correr como doida levou-o para casa.
Por pouco não teve um desmaio de aflição.

Quando voltou a si e se viu rodeada dos seus pequenos, disse-lhes:
 Meus filhos, aquele animal é o nosso pior inimigo! É o gato! Sob a aparência de mansidão e bondade, abriga uma grande fereza para connosco. Tu achaste-o muito bonito, meu inocente filho, mas, se te chegasses ao pé dele, num instante te cravava as unhas e te despedaçava em dó.

Aprendam, meninos, a nunca se fiarem nas aparências.
Às vezes, os que mais bondosos parecem e melhor nos tratam são os que, como os gatos, mais nos odeiam e mais depressa nos despedaçariam, se lhe caíssemos nas unhas.
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Ana Castro Osório
(Adaptado)
O gato e o rato, conto adaptado de Ana Castro Ósorio

  

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